O espaço do Fifa Fanfest é
sem dúvida uma excelente opção para assistir aos jogos da Copa do Mundo, em
Cuiabá. Claro que desfrutei desta possibilidade, mas com olhares distintos.
Na reta final do meu curso
de jornalismo, faço parte da equipe do blog noticioso Hoje Press. Para nosso
trabalho experimental de faculdade, escrevemos para o público da baixada
cuiabana.
Escalado para ‘cobrir’ as
atividades do local oficial de transmissão da Fifa, fiquei surpreso com a
rigorosa mobilização dos organizadores em controlar, a todo custo, alguns itens
questionáveis, barrando também a entrada de certos torcedores.
A nova orientação causou
filas enormes, mas a causa era justificável: evitar confusões registradas
durante o primeiro jogo da Copa.
Que tipo de perigo uma
simples fruta poderia oferecer em um local como esse? Eu não sei, e talvez nem
a ‘bem intencionada’ moça que resolveu impedir a entrada de uma mexerica no
espaço.
Talvez enquanto os
‘revistadores’ refletiam sobre o potencial de caos eminente da maléfica fruta
cítrica, por um segundo, eles ficaram fora do ar, e deixaram que outro
torcedor, mal intencionado, entrasse no local portando uma bomba – já falo
sobre este artefato.
Além da fruta também foi
barrado um grupo religioso. Jovens felizes e de sorrisos estampados no rosto
estavam fortemente armados com livros evangélicos. Ofereciam eles, e a bendita fruta, mais
perigo do que a bomba?
A Fifa chegou no Brasil como
se fosse um inquilino que tem o poder de impor suas próprias leis no imóvel. E
o fez e faz!
Desrespeitando toda e
qualquer lei nacional que possa impedir ou ameaçar qualquer fração mínima do
lucro estipulado, a entidade máxima do futebol nacional passou por cima do
estatuto do torcedor, por exemplo.
Sem a Fifa, a famosa
cervejinha nos estádios é expressamente proibida. Com a Fifa, a Lei 10.671/03,
que proíbe a venda de bebidas alcoólicas
nesses locais, durante as partidas de futebol, não tem nenhum valor. Nem
simbólico.
Afinal, como negar a venda,
com preços abusivos, de marcas de cervejas nacionais e importadas, quando estas
grandes multinacionais fazem parte do rol das principais patrocinadoras da tal
“Copa das Copas”. Aquela mexerica não tinha o rótulo dessas cervejarias, por
isso não passou?
Voltemos nossa atenção para
a bomba.
Vi e ouvi o estouro.
Felizmente não fiquei sabendo de vítimas deste ato. Mas tinha tudo para ser uma
tragédia.
Imediatamente após o
estouro, me lembrei daquela menina que teve a fruta apreendida. Foi só um
relapso. Mas me fez refletir da ausência de autoridades oficias, e do excesso
de poder concedido para autoridades ‘despreparadas’.
Durante a transmissão do
jogo de Brasil e México, a Fanfest recebia mais de 30 mil pessoas, ao mesmo
tempo a Arena Pantanal agrupava um número superior: 40 mil.
Sai de lá com a certeza de
que Cuiabá não tem planejamento para realizar eventos de grande porte simultaneamente,
que os jovens evangélicos voltaram pra casa alegres, mesmo barrados, por que
usaram a entrada do local pra falar do amor de Deus, e de que a menina ficou só
na vontade de apreciar aquela apetitosa mexerica.
Heronilton Jr. é aficionado por futebol, corintiano e acadêmico de jornalismo.
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