sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dica cultural: Venha conhecer a Barra do Pari

Bruno Henriques

Ao rio Pari é atribuída uma das principais lendas de Mato Grosso: a do Minhocão do Pati. Foto: Bruno Henriques

Atraente pela sua rusticidade e calmaria, o local oferece um ar puro, de zona rural e um restaurante para visitantes se deliciarem da típica culinária cuiabana, às margens do rio Cuiabá. O local fica na capital mato-grossense, aos fundos do bairro Santa Amália e Jardim Araçá,  e se estende  até ao outro lado do rio Cuiabá, onde deságua o rio Pari, já no lado da cidade de Várzea Grande.

Ultimamente a região vem sendo beneficiada por investimentos sociais do governo estadual e da iniciativa privada, de modo que prevê significativa melhora em sua infra-estrutura. Dentro de seus limites passa a Estrada da Guarita, a Rodovia Mario Andreazza, que liga Várzea Grande com a região oeste de Cuiabá. Na Barra do Pari, estará o Centro Oficial de Treinamentos (COT), que deveria ser usado para seleções disputam a Copa do Mundo 2014, na Arena Pantanal. Entretanto a abra não ficou pronta dentro do prazo estipulado. O que se espera das obras, é proporcionar maior crescimento imobiliário na região.

O COT da Barra do Pari é mais uma das obras que
não ficaram prontas para a Copa. Foto:
Bruno Henriques

Início da Comunidade e o temido “Minhocão do Pari”

Faz pouco mais de 133 anos que o padre Ernesto Barreto comprou uma comprida faixa de terras a montante do rio Cuiabá, na área que passou a ser chamada de Barra do Pari e que deu origem a uma das mais conhecidas lendas de Mato Grosso, a do Minhocão do Pari.
Passado mais de um século, a lenda do Minhocão do Pari continua viva na memória dos moradores mais antigos do local e que para preservá-la vão passando o que sabem sobre o bicho de geração para geração.

As temidas ações do minhocão, como atacar canoas para comer os pescadores ou provocar agitações nas águas dos poços, acabaram sendo imortalizadas como samba enredo e carro alegórico da Escola de Samba Mocidade Independente, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que levou para a avenida Mato Grosso em 85 ou 86 o tema “Lendas e crendices da minha terra natal” e cujo samba foi composto e musicado por Neguinho da Beija-Flor de Nilópolis-RJ.

Como outras crenças que povoam o imaginário popular da região, como uma enorme sucuri que vivia numa lagoa e o negrinho que aparecia numa pedra do rio Cuiabá na área da Barra do Pari e, atrevidamente, às vezes até sentava na proa das canoas para deixar os pescadores de cabelos arrepiados.

Quem melhor conhecia a lenda do Minhocão do Pari era Benedito, Oscarino Barreto, o Ditão, que construiu a primeira casa da Barra do Pari. Ditão era neto do padre Ernesto Barreto, que tinha oito filhos, e faleceu com 92 anos em 2004. Ditão, que nasceu e morreu na Barra do Pari, vivia da criação de gado, plantio de cana-de-açúcar e de frutas, com isso, foi comprando áreas que pertenciam a seus irmãos e formou uma pequena comunidade no local, com a construção de umas 20 casas. Como seu avô era sacerdote, Ditão era devoto de São Benedito e inclusive construiu em 1952 uma capelinha na comunidade para homenagear o santo.

Moradores lembram com carinho do primeiro morador da Barra do Pari. Fotos. Bruno Henriques
Moradores como dona Josefina Viana, a dona “Fiota”, sobrinha do Ditão, afirma que ele era muito procurado por curiosos para contar histórias envolvendo o minhocão que vivia nas águas de dois poços que existem nas imediações do Restaurante Varandão, na Barra do Parí. “Fiota” conta sobre a fartura da pesca no local até os dias de hoje, mas com tristeza diz também sobre o esquecimento do local por parte da prefeitura e que a cada ano que passa a cultura e o comércio local estão cada vez mais decadente.

 
Canoa se 'perde' nas águas misteriosas do rio Pari. Foto: Bruno Henriques


Minhocão do Pari

É uma minhoca enorme, monstruosa, que circula pelos rios e águas do Pantanal e da baixada cuiabana virando canoas, devorando pescadores, levantando grandes ondas e desmoronando barrancos dos rios.

As lendas dizem que não se pode reformar ou restaurar a igreja matriz da capital de Mato Grosso pois o minhocão encontra-se preso pelos fios de cabelo de Nossa Senhora.

A lenda sobre a existência do Minhocão é uma das mais conhecidas em todo Estado de Mato Grosso. O minhocão trata-se de um monstro que vive no poço do Rio Cuiabá, são várias histórias sobre o bicho que ataca barcos a noite, que faz imenso barulho, agita as águas do rio e causa horrores aos pescadores. Contam também que o bicho derrubava a barranca do rio para perseguir aquele que o enxergava.

Confira um pouco desta história em desenho animado:




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