Médico denúncia que horário dos óbitos são alterados. Foto: Reprodução/TV Globo |
Um médico do Pronto Socorro de
Cuiabá denunciou, no programa Fantástico, da Rede Globo, deste domingo (25),
que pacientes morrem na UTI por falta de tratamento adequado.
Segundo o programa, o médico, que
preferiu não se identificar, faz uma revelação assustadora: a UTI do maior
hospital de Cuiabá chega a funcionar sem médicos.
“São vários plantões em que não
há medico na UTI. É como estar num avião sem piloto”, disse.
"Não foram nem um nem dois
casos de pacientes que poderiam ter saídos vivos das UTIs do pronto-socorro e
não saíram. Saíram mortos. Porque eles não tiveram o cuidado adequado. Isso
acontece frequentemente".
O Fantástico relatou que a
Prefeitura de Cuiabá negou a acusação. "Mas o repórter Eduardo Faustini
teve acesso a oito comunicados internos, dos últimos três meses, avisando a
direção do hospital sobre períodos em que a UTI ficou sem médico algum."
“Não foram nem um nem dois casos
de pacientes que poderiam ter saídos vivos das UTIs do pronto-socorro e não
saíram. Saíram mortos. Porque eles não tiveram o cuidado adequado. Isso
acontece frequentemente”, afirmou o médico ao Fantástico.
Em rede nacional, ele disse que
"recebe orientações do hospital para mentir sobre a hora da morte do
paciente".
“A família vai chegar na hora da
visita, o senhor diz que morreu um pouquinho mais tarde pra família não
desconfiar que morreu num plantão sem médico. Eu não mudo o horário do óbito
porque isso ultrapassaria a minha capacidade de ser conivente com essa situação
dentro do pronto-socorro”, confessou o médico.
ASSISTA A REPORTAGEM COMPLETA DO
FANTÁSTICO AQUI
Liminares
As denúncias foram apresentadas em horário nobre, da Rede Globo. Foto: Reprodução/Fantástico |
O programa relatou o drama da
Dona Alaíde, de 62 anos. "Ela tinha no cérebro dois aneurismas - que é
quando um vaso sanguíneo incha muito. Ele pode estourar e provocar uma
hemorragia. Um deles já tinha se rompido e ela quase não conseguia falar."
O repórter Eduardo Faustini
acompanhou a luta de Dona Alaíde em busca de tratamento.
"O caso é muito grave. No
relatório médico, do dia 22 de abril, o médico alerta para o risco de morte.
Duas semanas depois, repete o aviso, desta vez em letras garrafais. Dona Alaíde
pode morrer. A esperança é uma cirurgia."
A filha conseguiu na Justiça uma
decisão liminar que obriga o hospital a realizar o tratamento.
“Entramos com a liminar, no
centro de regulação já foi liberado, mas no Hospital Geral, o Estado não está
pagando, então é uma situação muito difícil”, disse a filha Elaine.
Esta é uma situação comum em
Cuiabá e em vários outros pontos do Brasil. Muitos pacientes só conseguem
tratamentos por força de liminares, mas nem todos. Mesmo com uma decisão
judicial na mão, essa mulher não conseguiu uma cirurgia para a mãe, que está
com uma veia entupida na perna.
Paciente consegue liminar, mas hospital não faz cirurgia
"Lembra de Dona Alaíde, que
mostramos no início desta reportagem? Ela tinha conseguido uma liminar para ser
operada, mas o hospital não fez a cirurgia. Na última quarta-feira, o outro
aneurisma que tinha no cérebro se rompeu. E ela morreu no dia seguinte. No
velório, a tristeza da filha, que lutou durante 40 dias para salvar a vida da
mãe".
"Em nota, a Secretaria de
Saúde de Cuiabá diz que a paciente fez o exame de angiografia exigido pela
Justiça. Quanto à operação, também exigida pela Justiça, a secretaria diz que
ela já estava agendada, mas que, antes disso, infelizmente, Dona Alaíde veio a
falecer. A secretaria não informa, no entanto, quando Dona Alaíde seria
operada".
Fontes: Globo.com/Fantástico/Mídia News
Fontes: Globo.com/Fantástico/Mídia News
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