terça-feira, 8 de abril de 2014

Jornal inglês critica atraso e questiona Cuiabá na Copa



O jornal The Times critica atraso, qualidade das obras e questiona a escolha de Cuiabá para sediar a copa.
Foto; The Times
Com o título “A paciência está se esmigalhando como o concreto em cidade-sede da Copa” (Patience crumbling like the concrete in World Cup host city), o jornal citou os diversos problemas que já surgiram nas obras recém-entregues, e que o concreto já está rachando em muitos dos novos projetos como estradas, pontes e valas de drenagem.

A reportagem, assinada por James Hider, afirmou, também, que Cuiabá não é uma escolha óbvia para sediar a Copa do Mundo, e lembrou que as equipes de futebol do Estado que não estão entre as melhores classificadas do país.

“Isso é apenas o começo de seus problemas. Com poucos meses até o torneio, os visitantes que chegam à cidade podem ver imediatamente o quão mal os preparativos estão indo. O terminal do aeroporto da Copa do Mundo é uma concha vazia de vigas de aço. Uma estrada de ferro planejada levando à cidade é uma vala enlameada, enquanto o trabalho de construir obstrui o tráfego. A obra será concluída meses após a competição terminar, e já é assunto de uma investigação de fraude federal”, diz trecho da reportagem.

"Com poucos meses até o torneio, os visitantes que chegam à cidade podem ver imediatamente o quão mal os preparativos estão indo"

“A Copa do Mundo foi concebida para ser uma oportunidade para a capital do Estado de Mato Grosso - o celeiro do Brasil no centro geográfico preciso da América do Sul - para atualizar seu sistema de transporte e mostrar ao mundo a sua melhor face. Ao invés disso, os moradores da cidade queixam-se que bilhões de dólares foram desperdiçados em um lugar onde os hospitais públicos são um caos”, diz outro trecho.

A deputada estadual Luciane Bezerra (PSB), uma das poucas parlamentares da oposição na Assembleia Legislativa, foi uma das entrevistadas, e questionou a qualidade das obras da Copa em Cuiabá e Várzea Grande, e o prejuízo vivenciado pela população, em função das 56 obras em andamento.

Ela previu que protestos devem assolar o país durante o Mundial, em junho, devido à indignação da população.

"Ao invés de investir no setor do turismo, o Governo concentrou-se em projetos de infraestrutura, porque eles são mais fáceis de enganar. Ao invés de estimular o crescimento, a Copa do Mundo deixará Mato Grosso com uma dívida £ 2.000.000.000 (por volta de R$ 6 bilhões). Há uma grande revolta na sociedade por causa da má gestão. Eu acho que haverá protestos em todo o Brasil. Uma oportunidade para as pessoas irem às ruas para reivindicar seus direitos", disse Luciane.

José , 24 anos, estudante de enfermagem, disse que vai ser um daqueles que estará nas ruas. "O hospital em Cuiabá só tem oito ambulâncias; eles mudam os lençóis da cama a cada cinco dias. O dinheiro está sendo gasto de forma errada. Eles têm dinheiro, mas o tomaram para si mesmos”, desabafou.

Atrasos

O jornal afirmou que cada uma das 56 intervenções relacionadas à Copa do Mundo sofreram atrasos por problemas de construção, ou estão sob investigação das irregularidades por parte do Ministério Público do Estado (MPE).

"Eles deixaram para o último minuto", disse ao jornal André Schuring, um engenheiro de Cuiabá, acrescentando que a tentativa de consolidar de uma só vez a infraestrutura da Capital, há muito tempo negligenciada, causou caos nos últimos dois anos.

De acordo com o Times, o relatório de Schuring, encomendado pela Assembleia Legislativa, é preocupante. "Eles vão ter que fazer tudo de novo. Houve uma falta de planejamento por parte do Governo", afirmou.

Na reportagem, o secretário da Secopa, Maurício Guimarães reconhece que “foi um projeto muito ambicioso”. "Este é o maior evento que já aconteceu em Cuiabá”, afirmou.

O jornal aponta ainda que a falta de hotéis para os cerca de 200 mil torcedores estrangeiros esperados em Cuiabá também é um problema, e a cidade pediu para os moradores de 1.000 casas abrirem suas portas aos turistas.

“Há também questões sobre o futuro dos £ 140 milhões (mais de R$500 milhões), investidos na Arena Pantanal, com 42.500 lugares, que sediará apenas quatro jogos envolvendo a Rússia, Japão, Chile, Colômbia, Bósnia, Coreia do Sul, Austrália e Nigéria. A Arena foi construída com recursos públicos, e será gerida após o torneio por uma concessão privada, embora os organizadores da Copa do Mundo admitam que ainda não sabem como será usada - shopping center, sala de concertos ou estádio de futebol - e não divulgarão quantas licitações foram feitas para a concessão”, diz outro trecho da matéria.

Clique AQUI para ler a reportagem original, em inglês, no site do The Times.

Fontes: Mídia News/The Times

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