Marisol França
![]() |
Em Mato Grosso desde janeiro o pão teve alta de mais de 70%. Consumidor busca alternativa e escolhe bolacha como substituto do produto. Foto: Reprodução internet |
O consumidor, em
Mato Grosso, precisa gastar um pouco mais para garantir o pão francês na mesa.
Desde o início do ano, a alta no produto representa um total de 70%, sendo 10%
mais caro que a média nacional. No estado, o preço do pãozinho está, hoje, custando
R$12,99. Anteriormente o preço pago era menos que dez reais o quilo.
De acordo com o
economista Edsantos Amorim, o preço do produto pode ser ainda maior.
“Pode chegar ao preço de R$10,79 a R$14,03", comento. O
principal fator pela alta do pão francês é a matéria prima. O trigo é importado
da Argentina, que não teve condições climáticas favoráveis. Por este motivo o
Brasil precisou importar do Canadá, atrelado a este fator a questão da política
de câmbio onde o dólar esteve alto e influenciou diretamente nos preços.
Conta na padaria - Algumas padarias
foram visitadas por nossa equipe de reportagem. Empresários do setor dizem que
continuam com a venda do pão francês para não prejudicar ainda mais o comércio.
“É para não perder o freguês que sempre leva algo a mais, como o leite,
achocolatado, e manteiga, porque não tem mais lucro com o pão francês”, disse
Diassis Machado Ulrich, dono de uma padaria no bairro Bela Vista, em Cuiabá,
capital de MT.
Esse aumento no
preço do trigo, refletindo no preço do pãozinho, afeta mesmo a procura do
consumidor. É o que acredita o economista Amorim. “A redução na compra pelo
produto é de 8% a 10% no cenário nacional. A tendência que a cada dia cresce
mais é a substituição por outro tipo de alimento”.
Outra grande conseqüência
dessa elevação é merenda escolar, que parte dela é o pão e leite. E isso também
já esta comprometido. “O governo não licitou mais de outubro a dezembro a
merenda escolar por conta da alta, então certamente deve faltar merenda nas
escolas públicas nesse período”, diz o economista.
Jeitinho brasileiro - É o que está
acontecendo em algumas residências de Mato Grosso. Tem consumidor que preferiu
trocar o pão francês por bolacha no café da manhã. “La em casa o pão
era como o arroz e feijão, nunca faltava. Mas agora por causa do preço que é um
absurdo, no café e no lanche da tarde comemos bolachas, biscoitos e a fruta da
estação que esta sempre acessível.” Conta a aposentada Herminia Soares, de 63 anos.
Para não afastar a
clientela algumas panificadoras preferem não repassar o preço do trigo para os
consumidores. “Por isso a margem de lucro fica muito reduzida. Dessa forma
estamos tentando amenizar alta do trigo”, comentou o Rodrigo Nogueira Manoel, vice presidente do
Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado de Mato Grosso
(Sindipan-MT).